Equinócios de poesia
O ser humano, desde que se inventou como tal, tenta por formas diversas apreender o mundo em que vive. Descreve, interpreta, compara, avalia, analisa, explica, prevê, controla as coisas da vida, da morte, da natureza, do espírito. O conhecimento pode ser simplesmente isto. E isto é muita coisa e todas podem ser válidas. Do conhecimento mítico e religioso, do pessoal e empírico, da ciência à filosofia, tudo tem o seu valor. Mas sem poesia ficará provavelmente muito incompleto.
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
(Alexandre o'Neil)
Etiquetas: Poemas

